quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Caçando um amor onírico

Se ja ouvi falar de Rebeka e Akahata? Mas é claro. Sabe da história toda? Não?
Bem, neste caso, pegue esse peixe, tome um trago dessa cerveja! Agora sente-se que vou lhe contar.

Rebeka
Despertou mais uma vez confusa e assustada. “Um sonho... De novo...” Pensa ela. Levanta-se e caminha em direção ao box, quando fita o computador piscando. Ela mexe com o mouse e vê que tem um novo e-mail. Seu pai lhe convoca para a reunião da empresa, ela sabe o que ele quer fazer, mas não concorda. Talvez, antes ela concordasse com ele e até aceitasse a ideia de assumir seu lugar no império capitalista que criara, mas não agora. Não depois de ter se tornado Garou.
Ela toma um banho demorado enquanto reflete sobre o assunto, e por mais que tentasse, não conseguia encontrar uma maneira de dizer não, ao pai. Depois de sair do banho ela se veste, como manda o figurino. Vestido longo cor de pérola, abertura lateral até coxa, sapatos prateados e adereços tão caros que poderiam alimentar uma família sul-americana por mais de um mês. Mas ela não sabia disso, nem ao menos sabia da existência de tal lugar, onde pessoas passam necessidades.
Na limusine ela estava distraída e nem ao menos prestava atenção no que sua secretaria dizia. Tudo o que pensava era em seu sonho. “O que significam esses sonhos? Por que eu sonho com um nativo indígena? Por quê?”
_ Rebeka? Entendeu?
Ela olha assustada, sorri e diz:
_ Desculpe-me, não ouvi. Estava pensando longe.
_ Quando não está? – fecha o notebook – É algum rapaz?
Rebeka franze o cenho e responde de forma seca.
_ Não que isso lhe interesse... Mas não é. Chegamos!
A limusine se abre e ela desce acompanhada por quatro seguranças brutamontes, como se precisasse deles. Enquanto os observava, pensava que poderia matar cada um deles com um único golpe. O sol castigava sua visão, então ela coloca os óculos escuros que acabava de compor o visual aristocrático. Sobe delicadamente os degraus da portaria. Acena para alguns subordinados e funcionários da empresa, assim como para alguns sócios. Seu carisma é alto e apesar da pouca idade, marca presença nas reuniões.
O elevador panorâmico a eleva às alturas, podendo ver praticamente toda a cidade do alto. Cada número que aparecia no visor lhe mostrava a contagem regressiva para sua prisão de um dia, e eles pareciam passar rápidos demais pelo visor, mesmo sendo cinquenta andares.
A sala de reuniões estava cheia deles, tubarões criados com um único objetivo: abocanhar a maior parcela da empresa. Ela estava ali para lhes dizer o que seu pai não tinha coragem, mas que desejava colocar para fora á muito tempo.
_ Essa reunião já se estendeu por demais, vamos ao que interessa. Leon, você está se segurando para não vender as ações da sua empresa, mas o que será dela no final do ano? Sabe que você está num beco sem saída. Ofereço-lhe cinquenta milhões pela metade das ações.
Um japonês levanta-se aos berros.
_ Isso é um insulto a todos nós! Oferecemos aqui três vezes mais por bem menos ações... Quem você acha que é?
As vozes acaloradas fazem do local um hospício. Cavalheiros se transformam em monstros devoradores. Enquanto Leon tenta chamar a atenção para si, Rebeka só pensava em meios de mata-los a todos com garras e mordidas.
_ Cavalheiros! Estamos aqui para resolver esse empasse da melhor forma possível para todos, e é por isso que eu trouxe minha filha. A herdeira de tudo o que construí. Ela tomara as decisões que achar melhor.
Os homens a observam como se devorassem um galeto frito, duvidando de sua capacidade ou prevendo as besteiras que lhes diriam, seria devorada por eles. Eis então que ela começa sua pauta.
_ Senhores! Obrigado por terem vindo. Agradeço a todos do fundo do coração. Mas meu pai se equivocou no momento que acreditou que eu negociaria com ratos imundos de esgotos esfomeados por um naco de carne podre. Todos vocês são vermes nojentos de olho na fortuna que meu pai conquistou ao longo de quarenta anos. Saibam que dessa empresa nada terão. Não estão à venda nossas ações, e se a empresa tende à falência, falirá sozinha. Obrigada a todos e podem voltar para suas tocas imundas!
Levanta-se e fecha o notebook à sua frente. A secretária fica boquiaberta, não menos do que o pai. Os homens a fuzilam com os olhos e um a um pegam suas maletas e saem da sala dirigindo-se para suas vidas corriqueiras.
  Após um conversa familiar Rebeka retorna para a limusine, mas desta vez não iria para casa e sim para a faculdade, onde cursava Direito e Filosofia simultaneamente.
Akahata
Levantou-se assustado e ofegante. Akahata estava em sua cabana, olhava aflito ao redor como se não reconhecesse sua morada. Levanta-se e ao sair da oca contempla o céu límpido com o sol radiante iluminando o mais belo oceano que já vira. Seus irmãos cantam e dançam adorando o sol e o oceano, fogueiras são espalhadas pela aldeia assando peixes e porcos selvagens. Ele caminha lentamente pela areia da praia sentindo o calor sob seus pés, senta-se numa pedra coberta por musgos e algas e observando as ondas se quebrarem perto dele, põe-se a pensar.
“Aquele sonho de novo... Eu era uma garota diferente... Aqueles homens pareciam querer me fazer mal. Por que sonho isso, parecem tão... tão... reais. Não parecem com os outros sonhos, parece que eu estava vivenciando tais eventos... Por que? Vou procurar o místico...”
Akahata caminha pela vila enquanto seus aldeões o cumprimentam por onde passa. Seus irmãos maori possuem muitas tarefas durante o dia, ele mesmo tinha várias, mas estava retardando algumas. Encontra então o místico dentro de um círculo de madeiras e folhas fumegantes. Ele aproxima-se cauteloso e chama-o:
_ Ancião!
Nenhuma resposta.
_ Ancião! – ele torna a chamar.
_ Akahata! Espero que seja importante. Odeio ter minha meditação interrompida.
O jovem fica nervoso e gagueja um pouco, mas por fim consegue por as ideias e a fala em ordem.
_ Tenho tido sonhos estranhos. Talvez um enigma. Sonho estar em outro lugar, vivendo outra vida, em outro corpo.
_ Huuumm! Conte-me mais...
_ Sonho com uma garota. Ela mora num lugar diferente, não tem árvores, nem mar. Só cabanas de pedra e ... e... Barcos de metal. Ela não pratica escambo como nós... Ela ordena que as pessoas lhe deem o que ela deseja, e eles obedecem. É como se ela fosse uma rainha, ou princesa... Porém, tirana.
_ Huummm... Curioso. E ela diz algo no seu sonho? Ela fala com você?
_ Não, ancião. É como se fosse eu. Eu digo coisas que nunca diria. Falo de coisas das quais nunca ouvi, não sei o que são... Eu estou assustado.
O ancião se levanta e toca-lhe o ombro. Com um olhar sereno tranquiliza o garoto.
_ Não tema! Talvez seja a grande serpente lhe mostrando um filhote perdido. Reflita sobre os sonhos, eles devem contem mais informações das quais você não se lembra agora.
_ Sim, ancião!
Akahata deixa o místico concluir sua meditação e parte para seus afazeres. Enquanto raspava os cocos, trançava cestos e ajudava seus irmãos a tatuarem os mais jovens, não esquecia nem por um segundo seus sonhos estranhos, estava sempre distante, sempre alheio às pessoas ao redor, como se não estivesse ali. O jovem maori já tinha muitas preocupações, já tinha muitos deveres e muita coisa para aprender, ficar encabulado com sonhos fazia parte do pacote.
A noite chega tão logo quanto pode perceber, com ela o oceano azul se torna negro como o céu, e ambos refletem a lua e as estrelas, como se existisse dois céus. Akahata gostava de senta-se na praia e ouvir o som das ondas lentas por horas, enquanto praticava suas transformações corporais e seus novos dons. As vezes tinha a companhia de um irmão de tribo, as vezes não.
“Quem é a garota dos meus sonhos? Por que estou tão assustado com isso?”
Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..... Tchuuuuuua
A bola de fogo cruza o céu silvando e fumegando e por fim choca-se contra o mar, levantando ondas grandes o suficiente para assustar o garoto que se pôs a correr para se safar do impacto. De longe ele avista como as violentas ondas chocam-se contra a praia, derrubando árvores e movendo pedras grandes, não sobreviveria àquilo.
Akahata podia não saber o que significava uma bola de fogo caindo do céu, mas sabia que aquilo queria dizer algo. Era um sinal do céu, da própria Gaia mãe. E caberia a ele interpretar tal sinal. Pegou uma canoa e remou para o alto mar, em direção ao local da queda.
Ele se aproxima de uma área onde a água borbulhava freneticamente e fumaça emanava de sua superfície. Era ali o local. Saltou da canoa e mergulhou.
Seus braços fortes rompiam o véu da água e o impulsionavam para baixo. Ele vira a grande pedra borbulhando iluminada por Luna e por bioluminescência dos seres ao redor. Bolhas subiam como uma cortina de folhas de coqueiro. Algo de estranho começa acontecer, seus braços falham, sua boca se abre, ele começa a se assustar e a mente lhe é invadida pelo pensamento “Vou me afogar”.
Rebeka
Ela encara seu rosto no espelho, sua respiração esta ofegante e sua face molhada. “De novo!” Ela pensa. Abre as gavetas em busca de algum medicamento ou droga que pudesse lhe acalmar, mas nada havia ali. Então ela retorna para o quarto e abre as portas da sacada. Do alto observa todo seu quintal, partes iluminadas e outras escuras contrastam com a noite. Ela respira fundo e telefona para um amigo.
_ Alô! Oleg é a Rebeka. Cara, preciso muito da sua ajuda...
_ O que tá rolando gata?
_ Gata?! Esquece... Faz alguns dias que estou tendo uns sonhos bizarros. Sonho que estou em uma ilha linda, que eu não sou eu, sou na verdade um cara nativo, saca?
_ Ãh... Mais ou menos. E aonde eu entro nisso?
_ Ah qual é?! Você é o adivinho, cacete! Isso é grave? O que pode ser?
_ Ah! Pode ser muita coisa, me conta mais...
_ Não tem mais... É isso. Não! Espera... Hoje, ainda a pouco... Acordei de um sonho onde eu me afogava tentando chegar ao fundo do mar.
_ Estranho! Bizarro! – pausa demorada – Não posso dizer nada com isso. Preciso de mais informações. Faz assim, amanhã a gente se encontra e você me fala mais.
_Beleza!
Atira o celular na cama e debruça-se na sacada, observando o grande lago com carpas e os cães brincando correndo pela grama.
Após horas de observação ela volta para a cama, mas não consegue dormir. Ela sabia que se dormisse, teria acesso ao final do sonho. E não queria morrer, mesmo que fosse em sonho. Mas a natureza é invencível e ela acaba dormindo, sem sonhos perturbadores desta vez.
A manhã estava nublada, previsão de neve forte. Ela se agasalha bem e desce para a garagem. Desta vez não iria de limusine, não para esse lugar. Ela pega sua moto e parte em direção ao edifício Silver Sky. Apenas o maior edifício da Rússia, onde se localizavam os escritórios particulares e residiam os maiores segredos da empresa que dominava a Ásia. Isso para a humanidade, mas para os Garou, este edifício era o sagrado Caern da Esperança Falconiana, dedicado ao Falcão e composto inteiramente por Presas de Prata de raça pura altíssima.
A assembleia se desenrola como esperado. Os assuntos tratados eram de interesse de todos, porém, direcionamentos específicos foram feitos e Rebeka não estavam neles. Após a grande reunião, ela procura Oleg que trouxe um reforço, Sanna. Uma estrangeira muito versada na arte do oculto.
_ Essa é Rebeka – aponta para a outra depois – E essa é Sanna. Ela manja muito de sonhos e premonições, profecias... Essas coisas, você sabe.
As garotas se cumprimentam e procuram um lugar para se sentarem e discutirem o assunto. Depois de muitas investigações por parte dos místicos, a estrangeira diz:
_ Eu nunca me deparei com algo assim. Sonho recorrente... A única explicação plausível seria que seus ancestrais buscam contato com você.
_ Ancestrais... – a palavra ecoou em sua mente por muito tempo.
Akahata/Rebeka
O tempo passa e os sonhos ficam cada vez mais frequentes. Então Akahata teve uma grande ideia. No momento que estava sonhando ser a garota, escreveu em seu espelho usando um batom “Eu estive aqui: Akahata!” E então em sua cabana encontrou a frase: “Rebeka esteve aqui.” A partir de então, eles se organizaram e deixavam mensagens um para o outro. Ele descobriu que ela era sim um filhote, mas não estava perdida. Fazia parte do núcleo dos maiores heróis da nação. Sabia agora que seus sonhos eram reais e que podiam se comunicar através deles.
Os recados dele ajudavam-na enfrentar as dificuldades ritualísticas, e os dela o ajudavam a enfrentar as discussões com mais garra.
Com o passar do tempo eles perceberam que por mais de um ano eles estavam mais preocupados em sonhar do que em viver, e isso era bom. Ambos desenvolveram um carinho muito grande pelo outro. E combinavam de se encontrarem para colocar a conversa em dia pessoalmente, mas sempre havia algo que os impedia; uma assembleia de emergência, um maldito a ser derrotado na umbra, problemas com parentes, empresas desabando etc.
Numa certa manhã akahata assumiu para si mesmo o que sentia, e durante o sonho, escreveu-lhe uma carta contando que se apaixonara pela mais linda garota que já vira, ao menos em sonho. E obteve a resposta que esperava. Rebeka se apaixonara pelo jovem maori, perdidamente. A ponto de ignorar completamente a litania. Ela não queria saber, só queria encontra-lo.
Rebeka
Uma reunião de negócios na América lhe aguardava, ele fez questão de deixar tudo escrito, data de saída e de retorno, para onde iria e o que iria fazer. Tudo para que seu amado não ficasse perdido quando sonhasse com um lugar diferente.
Embarca no avião e descansa recostada na poltrona enquanto saboreava uma deliciosa bebida digna de primeira classe. O avião decola e pouco mais de duas horas depois enquanto olhava pela janela, vê um míssil cruzando o céu, atravessando as nuvens e se aproximando do avião.
Akahata
Um ano se passou sem que tivesse sonhado novamente com Rebeka. Ele não conseguia entender. Será que a América era tão longe que os sonhos não conseguiam chegar? Será que ela não conseguia sonhar na América? Mas ela já deveria ter retornado, a muito tempo.
O jovem Uktena Maori estava inquieto, pedia conselhos aos místicos mas nenhuma resposta lhe agradava e tão pouco lhe acalmava o coração. Fora advertido sobre seus sentimentos, mas ele não queria escutar sobre os perigos vindouros de suas ações.
Partiu para o mar sobre um barco. Se fosse necessário cruzar todo o oceano para encontra-la ele cruzaria. Mas nessa viagem inicial, não seria necessário, teria apenas que chegar até a Rússia e procura-la por lá. Caso não encontrasse, iria até a América ou onde mais fosse necessário para encontrar seu amor.


PS: Quando joguei com esses PCs tive de aprender rituais poderosos e "secretos" afim de resgatar o outro personagem. Visitei vários reinos, incluindo a Umbra Negra. Tudo isso para quebrar a Litânia depois de conseguir resgatar o 'grande amor'... rsrsrsrsrrs.
Valeu muito a pena. 

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