quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Background

Então você quer saber do que é feito um guerreiro... Muito bem. Sente-se ai, enche essa caneca e vamos conversar.

Quando se está criando um personagem, é muito importante que o primeiro passo seja o background, ou prelúdio dele. Não tem graça nenhuma sair preenchendo pontos, pintando bolinhas na ficha de forma aleatória. Fica uma coisa rasa, sem sentido, sem nenhum objetivo.
Quando você escreve o background do seu personagem, é como se você o tivesse concebendo, dando vida para eles aos poucos, modelando ele, até chegar ao ponto onde ele começa se materializar, preenchendo a fixa.

Devo esclarecer de uma vez por todas que o prelúdio não é meramente a justificativa para os pontos distribuídos na ficha/planilha de jogador. O prelúdio deve conter informações relevantes e preciosas sobre o personagem. Como por exemplo; que tipo de pessoa ele é, sua índole, seu caráter, quem são seus amigos e inimigos se os tiver. Como é a relação dele com a família, com o mundo em que vive, qual sua realidade vivida, qual seu ponto de vista sobre o futuro, como ele age com pessoas de diferentes tipos, culturas e religiões, qual sua comida favorita, que tipo de música ele gosta, se ele participa de algum grupo ou movimento social/político etc. Informações como essas podem gerar uma riqueza tão grande de detalhes sobre seu personagem que possivelmente algumas sessões da campanha girarão em torno deste personagem.

As informações contidas no prelúdio devem fazer seu personagem sair do papel. Deve fazer com que ele seja percebido, sentido dentro e fora da mesa. Como assim? Vi um personagem uma vez que o rapaz fez ele mesmo. Mas ninguém se conhecia muito bem, então quando descobrimos que o personagem tinha medo de altura e de insetos, ficamos nos perguntando se aquilo era real, ou só o personagem. Outra vez joguei numa mesa com uma personagem boca dura, ela tinha respostas para tudo, ela era arrogante, petulante e não abaixava a cabeça para ninguém, virou referência. Todo mundo que da uma dessas, logo ouvia-se “Vixi, tipo a Agatha.”
A história do personagem deve marca-lo. Por quê? Porque dessa forma você conseguira interpretá-lo de maneira mais rica, mais real, e sem deixar de lado a diversão e a arte. Sim sim, rpg não é só um jogo, mas um método de desenvolver seus dotes artísticos.

As vezes é muito difícil pensar num prelúdio, mas com prática tudo se resolve. Comece pensando que tipo de personagem gostaria de interpretar; um guerreiro, um personagem protetor e responsável, alguém cheio de medos e problemas a serem resolvidos, um personagem rico que não conhece outra realidade, um espião, um caçador de aventuras etc. Depois disso, você começa a fazer perguntas relacionadas a este personagem. Como é a família dele/ Que relação ele tem com a família? Quais são seus valores? Quais suas projeções par o futuro? Quais seus medos/inseguranças? Do que ele gosta, do que não gosta? E assim por diante, até ter um objetivo de vida para esse personagem, pelo menos um. Obviamente ninguém vive com um único propósito, mas se tiver um ao menos, já dará bastante vida para esse personagem.

Propósitos de vida. Quando chega nessa parte fica complicado. Vamos lá então. Digamos que seu personagem foi preso injustamente e deseja limpar sua barra e colocar os safados que armaram para ele na cadeia, eis um propósito primário. Mas no decorrer da trama ele se apaixona por uma das pessoas que armaram para ele, e decide ficar com ela. Essa união se torna ameaçadora para os demais, então eles resolver caçar a ambos, agora não basta leva-los a justiça, deve sobreviver/fugir/se esconder deles. No meio dessa fuga encontra uma pessoa inocente que possui problemas iguais aos seus, e acaba querendo ajuda-la, pois ai estão três propósitos.  Muitos desses propósitos aparecem no decorrer do jogo, mas o jogador pode inseri-los de forma sutil em seu background, inspirando assim o narrador a criar  um gancho de aventuras ao redor de seu personagem.

Nunca, nunca mas nunca mesmo crie um personagem pensando em vencer. Primeiro que RPG, não se trata de um jogo de competição onde um perde e outro ganha. Depois que, se fizer isso, limitará muito seus objetivos e fará consequentemente um personagem chato, raso e apelão que vai tirar toda a diversão do jogo. Crie um personagem com defeitos, ninguém é perfeito. Ao menos um defeito você tem. Crie um personagem que seja digno de ser comentado nas mesas de bar com seus amigos. Crie o personagem que vai marcar, que vai ficar na memória. Quando você se livra das amarras do “vencer”, você pode criar personagens incríveis. Motivados pelo medo ou pela dor, ou algum outro fator a lutar contra algo, material, espiritual, sobrenatural, mental, enfim... Mas vencer é consequência, não objetivo.

Acho que essas poucas palavras ajudam, talvez pouco menos do que gostaria. Mas qualquer dúvida é só perguntar.

Ah! Mais para frente colocarei um modelo de bckground/prelúdio.

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